eram óbvias como tantas outras coisas e vinham de são joão da madeira. ou todas brancas ou pretas e brancas. quando já tinham desaparecido, encontrei umas em saldo na rua do poço dos negros mas pareceram-me tão desconfortáveis que não as trouxe. as últimas (do meu pai) duraram vários verões e muitas passagens pela máquina da roupa.
tenho saudades dos solavancos no caminho para as furnas, da casinha do monte e de comer ameixas.
os bancos de napa preta da 4L ficavam quentes e a areia corria pelas costuras fora e picava as pernas.
cheirava sempre a estevas e era bom.
she said: what is history?
and he said: history is an angel
being blown backwards into the future
he said: history is a pile of debris
and the angel wants to go back and fix things
to repair the things that have been broken
but there is a storm blowing from paradise
and the storm keeps blowing the angel
backwards into the future.
and this storm, this storm
is called
progress
o gonçalo apareceu a meio do ano e nunca é fácil aparecer a meio do ano porque nessa altura as simpatias e embirrações já estão todas arrumadas e não dá jeito nenhum ter de revê-las.
por isso (e por causa das microwave-voodoo-dolls), aqui ao lado estão dois links novos. o outro é para o blog do tobias, que eu não sabia que era o tobias até o filipe me dizer.
percebo o que sentes quando sou eu que saio. lavo os cobertores e acendo cigarros enquanto penso que devia arrastar-me até ao ecoponto. volto a achar que o senhor antónio pode ter razão (será que morreu?). vou (e vou?) pintar o capacete de vermelho e fazer uma bolsa de papageno para a mariana, mas as sereias mantêm-se impávidas, o que significa que estou atrasada. se calhar estou só a dormir a sesta à espera que voltes (já te disse que os lençóis condizem contigo?).
há muito tempo, foram as sereias apontadas numa ficha de leitura quem me deu vontade de (re)começar a desenhar. esta tem andado por aí mas, se tudo correr bem, hoje desaparece.
it's a czechoslovakian custom my mother passed on to me
give people little presents so they'll remember me
dia comprido (tão comprido) mas preparado por uma (finalmente) boa noite de sono (hmmmmm).
nem hoje nos zangámos (eu e a mónica) e o fato (figurino? trapo? roupa?) mais bonito é mesmo o que melhor fizemos a meias. as solas das sapatilhas voltaram a ser brancas (acho que não faz mal) e a mariana (que afinal é mesmo branca) diz sempre coisas acertadas (mesmo quando são palavrões).
estreámos. foi bom. amanhã (às oito e meia) estás lá para ver.
com encenação de jorge listopad e
interpretada pelos alunos do
atelier de ópera da escola de música do conservatório nacional
(* figurinos de rosa pomar e mónica azevedo *)
22 de junho @ escola de música do conservatório nacional (entrada livre!)
28 de junho @ teatro da trindade
6 de julho @ centro cultural da gandarinha (cascais)
19 e 20 de julho @ quinta da regaleira
a rainha e o zarastro gostaram muito dos sapatos e a barba de baleia, aliás de plástico, está pronta para entrar nas baínhas. os melhores collants acabaram por vir de uma retrosaria indiana, a marioneta monostatos (obrigada carlos) daqui a umas horas já está vestida e agora vou à procura de tinta especial para solas de borracha.
logo à noite é o ensaio geral.
a adília lopes deve ser um bocadinho maluca e consta que tem muitos gatos (muitas das pessoas de quem gosto são um bocadinho malucas). eu não conheço a adília lopes. um dia vi-a a tomar café e tive vontade de lhe dizer olá, gosto muito do que escreve (e também gosto de gatos, desde que não façam xixi onde não devem). quando a vi pela primeira vez, a fazer uma performance num armazém pelos lados do conde-barão, não percebi se era uma pessoa ou uma personagem, mas emocionei-me na mesma. ainda não resolvi esta dúvida mas já não estou interessada nisso. no ano passado fiz como exercício para a escola umas ilustrações para as crónicas da vaca fria (que a adília lopes escrevia para o público) e e ainda as acho bonitas.
A Bela Acordada
"Era uma vez uma mulher que tão depressa era feia era bonita, as pessoas diziam-lhe:
- Eu amo-te.
E iam com ela para a cama e para a mesa.
Quando era feia, as mesmas pessoas diziam-lhe:
- Não gosto de ti.
E atiravam-lhe com caroços de azeitona à cabeça.
A mulher pediu a Deus:
- Faz-me bonita ou feia de uma vez por todas e para sempre.
Então Deus fê-la feia.
A mulher chorou muito porque estava sempre a apanhar com caroços de azeitona e a ouvir coisas feias. Só os animais gostavam sempre dela, tanto quando era bonita como quando era feia como agora que era sempre feia. Mas o amor dos animais não lhe chegava. Por isso deitou-se a um poço. No poço, estava um peixe que comeu a mulher de um trago só, sem a mastigar.
Logo a seguir, passou pelo poço o criado do rei, que pescou o peixe.
Na cozinha do palácio, as criadas, a arranjarem o peixe, descobriram a mulher dentro do peixe. Como o peixe comeu a mulher mal a mulher se matou e o criado pescou o peixe mal o peixe comeu a mulher e as criadas abriram o peixe mal o peixe foi pescado pelo criado, a mulher não morreu e o peixe morreu.
As criadas e o rei eram muito bonitos. E a mulher ali era tão feia que não era feia. Por isso, quando as criadas foram chamar o rei e o rei entrou na cozinha e viu a mulher, o rei apaixonou-se pela mulher.
- Será uma sereia ? – perguntaram em coro as criadas ao rei.
- Não, não é uma sereia porque tem duas pernas, muito tortas, uma mais curta do que a outra – respondeu o rei às criadas.
E o rei convidou a mulher para jantar.
Ao jantar, o rei e a mulher comeram o peixe. O rei disse à mulher quando as criadas se foram embora:
- Eu amo-te.
Quando o rei disse isto, sorriu à mulher e atirou-lhe com uma azeitona inteira à cabeça. A mulher apanhou a azeitona e comeu-a. Mas, antes de comer a azeitona, a mulher disse ao rei:
- Eu amo-te.
Depois comeu a azeitona. E casaram-se logo a seguir no tapete de Arraiolos da casa de jantar."
sexta-feira, outra vez :)
o curso está quase a acabar. mais dois dias e recupero os fins da tarde. valeu a pena?
fomos à bedeteca entregar as coisas. os trabalhos pareceram-me mais feios do que antes. acho que é sempre assim, não sei. os próximos serão melhores.
a seguir: MOnStRos!
segunda, terça, quarta, quinta, sexta...
não há tempo para quase nada. saboreamos como podemos meio fim-de-semana e depois outra vez
segunda, terça, quarta, quinta, sexta...
e em tópicos:
a nossa casa está mais bonita porque o filipe teve uma boa ideia;
temos um armário velho novo que no verão vai ficar pintado e contente;
já posso ouvir outra vez os 33rpm dos meus onze anos;
a flauta mágica está a dar-me uma amiga nova;
a ana vai de vez em quando tirar-nos fotografias a pintar e sonhar com a casa abandonada que se vê da janela;
o rio muda de cor todos os dias);
"então, já pintaram tudo?";
a mónica e eu batemos na próxima pessoa que fizer esta pergunta;